sábado, 21 de junho de 2008

Album de menino

Com minha roupa de frio.
Pareço o Dunga

Segurança no inverno


Tô grandão!



Que dê a minhoca?




Ainda bem que tem grade





Minha janela







Primeiro prato





Comprido






No frio




Meu ninho





Reconhecimento de área





Dorminhoco




Meu chão agora é Pinho de Riga





Orelhão





Casa nova




Garotão

sexta-feira, 6 de junho de 2008

vídeos no you tube


Enquanto recolho material para novos capítulos apresento 2 vídeos do Dick que estão no you tube.



sexta-feira, 23 de maio de 2008

Pausa

Eu e o Dick
PAUSA PARA COLETAR MATERIAL DA VIDA E ESCREVER NOVOS CAPÍTULOS.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Capítulo 10


Uma noite de cachorro


Fim de tarde, friozinho, todo mundo sem comer por conta do nervoso de se esperar a noiva do Dick, e por ver comida demais. Foi combinado com Haroldo, dele sumir na hora da chegada da noiva, ele é muito nervoso e atrapalha.
A noiva chegou a noitinha, entrou sem dar muita bola para o Dick, que ficou doido quando a viu, não latiu, e não se importou porque tinha gente junto. Só viu a noiva, e a cheirou sem parar, ela rosnou para ele, demos um tempo, indo para a sala de jantar, com mais espaço. Ele cheirava ela o tempo todo e ela... rosnava. Dava um chega pra lá de leve nele, e ele saia e voltava, saia e voltava...
Kitty, é gordinha, bem gordinha e parruda, não se parecendo nada com ele, que é um magrelão violento. Ela é doce, amorosa, carinhosa aos extremos, com gente. Beijou todos os estranhos, e quando Olívia sentou-se no chão, ela foi para o seu colo, beijá-la e se aninhar. Parecia uma gatinha, o Garfield do filme, tem o andar igual, lembrava realmente um gato, de tão melosa. Me lembrou a Lindona que era tão meiga. Heloisa contou como foi a sua luta para ela sobreviver e nos sugeriu uma experiência para ver se os dois iam se dar bem.
Adotamos, histéricas, tranquilizados pela promessa de que qualquer coisa, poderíamos devolvê-la para ela continuar tentando um adotante.
Tiramos uma foto para fazer parte de seu álbum de adotantes, e eu me senti fazendo alguma coisa de útil, ao ajudar o trabalho tão lindo de Heloisa. Ela nos trouxe um presente maravilhoso e eu agradeci emocionada.
Logo que ela saiu, o Dick começou a babar sem parar, uma hipersalivação, sem mais nem menos. Olívia o pegou e o levou para o meu quarto, limpou a baba e correu para ligar para a Raquel. Ele parou e voltou a lamber, e a cheirar a Kitty, que dava uns chega pra lá nele. Dei ossos de filhotes para eles, ela adorou, joguei uma manta de lã no chão e ela foi deitar por lá, com o seu osso, enquanto ele nem ligou para o osso, preocupado em cheirá-la.
Raquel tranquilizou Olívia, dizendo que a baba era porque ele havia se apaixonado. Olívia já muito nervosa começou a enjoar, os dois continuavam na mesma, ela se afastando dele e ele teimando em cheirá-la e lambê-la. Ele está apaixonado, por isso baba desesperadamente, reafirmava a Raquel, para mim também, por telefone. Achamos estranho, uma pena a Raquel não estar presente. Estava fazendo falta para nos acalmar. Desligamos e voltamos à vigília dos dois.
Ela acabou o osso e fez um cocô na sala, um cocozão enorme, era bem gordinha, e estava comendo quatro vezes ao dia, tínhamos que reduzir para duas refeições. Levei suas fezes para jogar na privada , no meu banheiro, e guardei um pedaço do jornal sujo para mostrar a ela, e ensinar o lugar certo. Dick de imediato ofereceu seu biscoito de xixi e cocô bonito, o biscoito Maria, que ele ganha quando acerta e foi no meu banheiro, no jornal e fez um xixi finalmente, já que não estava querendo trocar o banheiro do meio por este. Dei a ele um biscoito e ela correu para pegar o dele, ele deixou ela pegar o seu, e ainda ofereceu mais, contente.
Ela descobriu seu canto de brinquedos, no meu quarto e deitou lá, pegou um por um , todos os seus brinquedos, ficou brincando mas não deixou ele chegar perto. Pegou seu osso chiclete pelo meio, e rosnava sem parar para ele.
Ele olhava de cima da minha cama mantendo distância, ela veio para a cama, eu sentada, deitou ao meu lado depois de subir com dificuldade na cama, já que muito gordinha pesava, foi preciso dar várias barrigadas na beira da cama, até conseguir, mas subiu sozinha, e foi direto implicar com ele, que saiu da cama e foi para o canto dos brinquedos, ela saiu atrás, se esborrachando no chão, com os bracinhos abertos, e foi brigar com ele, ele saiu do quarto. Ela voltou para a cama e aproveitei para colocá-la para dormir, num cantinho, junto ao meu travesseiro, entre almofadas e mantas, ela dormiu em um segundo, muito dócil.
O Dick voltou, falei para ele que ela estava dormindo, ele deitou ao lado, num ninho que eu fiz para ele, dividido dela, por um almofadão grande e, dormiu abraçado comigo, que fiquei atravessada na cama servindo de segurança, entre os dois.
Ela acordava e rosnava para ele o tempo todo, isso, até que altas horas, ele saiu da cama e foi para o frio se refugiar debaixo da cama. Deitei no chão para chamá-lo. Ela dormia, ele ia para a cama, ela acordava e, ia implicar com ele, ameaçando morder, ele ia então, para o chão. Uma hora, ele foi para a sala do computador e só voltou para o quarto quando ela dormiu, pegou então, seu osso grandão, e foi para o quarto do Haroldo, na outra ponta da casa, era alta madrugada, e eu já estava exausta, de ficar botando ora um, ora outro, para dormir, e ainda tendo que ficar no meio, pois ela ameaçava uma briga feia. Segui o Dick indo para o quarto do Haroldo também, que a esta altura já estava acordado, muito nervoso. Nos refugiamos lá, fugindo da noiva, que dormia aninhada entre almofadas, tranquila, na minha cama, enquanto o Dick comia nervoso, seu osso chiclete, e Haroldo me atazanava dizendo, que não ia dar certo, que eu destruiria nossa rotina, e o Dick não daria mais atenção a ele, carente, reclamava sem parar, quando eu resolvi então desistir, resolvi pegar cobertores, e dormir com o Dick, no quarto do Haroldo, fechando a Kitty no meu. Pensando nisso, eis que aparece na sombra do corredor, parada à porta do quarto do Haroldo, a noiva, tinha vindo sozinha , atrás de mim e do Dick, que correu para a porta e na penumbra, Haroldo a viu pela primeira e única vez. Olívia levantou nervosa do seu quarto, estava passando mal, com dor de barriga, não havia comido nada, era nervoso. Eu a essa altura estava exausta, pedi então a ela , para dormir com a Kitty, que estava rejeitando o Dick e perseguindo-o pela casa, rosnando e tentando mordê-lo, pegando todas as suas coisas e ele deixando, ele se comportando como um lord apaixonado, tão gentil atrás dela, que não gostou dele, e ela ainda estava me lembrando a Lindona, quando rejeitou todos os namorados que escolhi para ela. Ela só queria seu lugar, suas coisas, seu amor, sua casa e expulsá-lo, constatei horrorizada com o meu pensamento. Descobri nesse momento então, que não poderia ter dois cães, ali naquela noite fria, muito cansada, tive certeza absoluta disso. Eu tive apenas uma filha única e cães, tive vários, mas todos solitários, um de cada vez. Não tinha estrutura para aguentar briga de irmãos, disputas, ciúmes, não sabia como agir e resolvi então desistir. É como ter filhos gêmeos, imagino, uma barra muito pesada, já que trato cães como crianças. Não era para mim.
Olívia aliviada com a minha desistência, ficou com a Kitty no seu quarto, dormiram o resto da noite felizes. E eu fui tentar descansar no que me restava de noite, fechei a porta do quarto da Olívia, e levei o Dick para o meu quarto, ele voltou para o hall do quarto da Olívia e chorou sem parar junto a porta, parecia saber da minha decisão. Seria um solitário. Amado apenas por gente e Haroldo para completar a noite disse: "O sonho acabou"
Não deu certo, ela não tinha gostado dele, como a Lindona, que recusava amizade com todos os cachorros, que não fosse o Encrenca que ela tinha escolhido. A fêmea é quem escolhe e são muito seletas, não são como galinhas, tem que flertar, namorar, e até cruzarem, é um sufoco. Essa não iria cruzar mas selecionava mesmo assim, a amizade. Não houve jeito. Engoli a minha frustração e consegui então junto com o Dick, dormir um pouquinho.
Ele depois de chorar um bocado, se resignou e esqueceu que ela estava na casa.
De manhã acordou como sempre dentro de sua rotina e foi encontrar o Haroldo que queria que eu acordasse ela, para levá-la ao quintal, que era onde ela estava acostumada a ir no banheiro, e ele me estimulou a acabar o quanto antes com aquela experiência dantesca, devolvendo-a. Liguei para Heloisa, que se preparava para ir ao Rio, levar um cachorrinho para uma feira de adoção e, aproveitaria para levá-la também, quem sabe alguém gostaria de adotá-la por lá. Ela é de salão, muito doce com gente, como a Lindona, não é para dividir amor, com dois cães em uma mesma casa, ela é típica para uma casa onde ela reinará absoluta. Ela adorou o conforto de uma cama de casal com almofadas e mantas de lã pura. Ela era de luxo. Como um bebê muito doce. Contratei um táxi para nos levar à casa da Heloisa, que está abrigando mais ou menos vinte cachorros, eles estão sendo preparados para adoção. Cheguei lá, e lá estava Heloisa com vários cachorrinhos pegando sol, e uma pretinha em seu colo, que fica pronta para adoção, na próxima semana (está no pós operatório da esterilização). É magrela de dois meses, achada com a irmã perto da catedral, em Petrópolis, era bem mais parecida com o Dick, o magrelão. Heloisa acha que com essa idade, dois meses, ela não rejeita outro cão. Não falei nada, mas já foi decidido, Haroldo e Olívia não me apoiaram e eu sozinha, não aguentei a barra. Encarei corajosamente o meu fracasso. Preciso reconhecer os meus limites, se fosse à algum tempo, eu iria encarar sozinha sem respeitar os meus limites, e depois adoeceria como sempre fiz. Já estou aceitando minhas limitações, deve ser a análise.
Dick será um lord solteirão, o mais amado, com uma vida digna de Rei. Irá acompanhar a levada cachorrinha da vizinha, que parece que se chama Fifi, um bassetzinho que ele adora espiar pela janela do quarto do Haroldo, como a Lindona espiava o Encreca, e será totalmente mimado, porque isso, eu sei fazer muito bem. Com alívio me parabenizei por aceitar essa experiência com sabedoria, ultrapassando o fracasso, pensei na frase do Woody Alenn: "Faça Deus rir, faça planos!" e fiquei pensando na pequenininha pretinha...

O Solteirão

Capítulo 9

A Noiva do Dick




Hora de arrumar uma noiva para o Dick, ele já está com seis meses, se demorar muito ele pode ter ciúmes. Raquel viu uns filhotinhos pequenininhos de vira-lata na faculdade dela, mas deixou pra lá, não sabia que eu já estava procurando à sério, comecei a pedir ao Haroldo para trazer para casa toda quinta feira o jornal Tribuna de Petrópolis, que tem nesse dia o cantinho de adoções, onde saem as fotos dos bichinhos disponiveis para adoção. Na internet procurava nas comunidades do orkut, que oferecem cães para adoção e ainda no site do gapaitaipava que foi onde me deparei, com uma cadelinha vestida para o frio Petropolitano, que foi encontrada junto com o irmão no terminal rodoviário, estava dentro de uma caixa de papelão. Já fora vacinada, vermifugada e esterilizada, apesar de ter apenas três meses de vida. Ela tem o focinho preto igual ao Dick. Me apaixonei e, nesse momento me veio os medos: será que ele, destrambelhado e arisco não vai morder e brigar? Já está com seis meses e não vê cachorro desde os dois meses de idade. Fiquei namorando a cachorrinha pela internet, mandei sua foto para várias pessoas como que fazendo uma enquete. A Kitty, é assim que ela se chama no seu nome provisório, pela internet, parecia muito pequenina, parecendo uma miniatura do Dick.
Haroldo com ciúmes do Dick que dorme comigo, disse que essa ia dormir com ele, mas ficou receoso com medo do Dick atacar, dele morder, ficou com muito medo de não dar certo, medos... medos... e medos! Cuidar de dois, não é fácil e começou a dar para trás. A Otília, minha empregada, disse que depois que a Samanta, sua cachorra foi esterilizada, não aceitou a companhia de mais nenhum cachorro, e ainda, que não pode nem passar perto de cachorro, quanto mais brincar e ter vida de cachorro.
O que eu procuro para o Dick é uma companheira para ele não se sentir solitário, não precisa cruzar, e ter onze filhotes eu ficando sem saber para quem dar. Raquel confirmava, é muito difícil dar filhotes, ela sendo esterilizada é melhor, e todos dizem que dois cachorros é bem melhor. Preparando para a chegada da noiva, resolvi mudar o banheiro do Dick, retirando-o do banheiro do meio para o meu banheiro que tem um espaço ideal. Nada de área externa, muito complicado para limpar e ainda ficando fechado à noite, com o frio que está apertado por aqui, ele sendo carioca e magrelão, é friorento, passeando rápido pela área externa , mas ficando mesmo por dentro da casa, no chão de madeira pinho de riga que com o sol fica quentinho, e ainda, é grande para ele a área interna, ele só sai para o quintal pela manhã para a sua batida matinal e vai para dentro pegar sol na varanda envidraçada onde bate sol o dia todo ao lado do computador, onde eu passo o dia. No quintal ele fica pouco, brincando sozinho a procura de bichos. Estou tentando ensiná-lo a mudar de baheiro, mas está sendo dificil, ele insiste em me mostrar que xixi bonito no meu banheiro é na privada, e não no jornal. Quem sabe com a noiva, os dois aprendem juntos o novo lugar, pensei otimista.
O gramadão já foi encomendado, e uma terrinha vai preparar o local vindo da casa do meu vizinho Eduardo, amigo do Haroldo desde criança, que tem um morro atrás da casa, eles se conhecem desde mil oitocentos e noventa e pouco, eu brinco, já que as famílias se conhecem desde então. O Dick e a noiva poderão correr no jardim e brincar pegando sol no gramadão do noivo, brinquei sonhando.
Está tudo sendo preparado para receber a companheira do Dick.
Raquel promete subir com Olívia no fim de semana do dia das mães. Vamos fazer uma comilança violenta, panquecada e rosbife, para as carnívoras, pois eu sou vegetariana e o Dick passa mal com as minhas sobras, ele vai adorar beliscar o rosbife das meninas.
Me encho de coragem aproveitando a oportunidade e, quando Olívia me pergunta o que eu quero de dia das mães, peço a Kitty de presente. Olívia então, fala com Haroldo que fica preocupado, "dois cachorros? E se nós morrermos?" ele já está com 62 anos, e eu com 48, nem penso nisso e corto esse medo. Olívia endossa, dizendo que assume os dois. Passado os medos, começa então a fazer planos para os dois, pensando em um novo nome, "que tal Bubu?" sugeriu Haroldo, não gostei, parece bumbum, e "Leia" sugeriu Olívia, também não gostei, sugeri só de boca, "Isa", já que a dona da casa que ela está abrigada, que salvou sua vida e cuida dela enquanto não consegue adoção, se chama Heloisa, e esse era também, o nome da mãe do Haroldo. Ainda sem nome, Olívia se comunica por e-mail com a Heloisa, do Gapa para sondar a adoção "ela está pronta, posso levar para vocês", nos comunica ela.
Coloco meus medos para ela, também por e-mail, ela me tranquiliza e promete "levo ela na sexta-feira do fim de semana do dia das mães" disse ela, achando bonito ser um presente do dia das mães. "Quem dera as mães terem essa idéia de pedir um bichinho de estimação adotado para eles terem um lar digno".
Raquel comunica que não vai poder subir à serra, sua mãe ia viajar, e não vai mais, ela então vai ter que almoçar com ela e ainda, está atolada com a faculdade, tendo aulas aos sábados.
As duas começaram esse negócio de adoções juntas, era uma pena, Olívia subiria sozinha para devorar a geladeira cheia, preparada para um fim de semana com várias pessoas além da Raquel e o namorado, Olívia tinha convidado também o Igor, outro amigo seu de infância para subir e dar palpites no jardim, poi ele entende disso. Todos furaram, ninguém pode vir nesse fim de semana e os bolinhos de chuva, bolo de fubá com côco, cuca de banana, pãezinhos de leite, geléia de maçã, patês, chocolate quente, limonada suiça, doce de leite da Raquel, canjica, arroz com creme de espinafre, panquecas de espinafre com queijo e de carne, bolinhos de espinafre, salada de batata e rosbife, toda essa comilança lotava a cozinha para felicidade do Dick que adorou o rosbife.
Olívia combinou de ligar para a Heloisa que traria a noiva do Dick para uma experiência assim que chegasse. Tudo combinado para o final da tarde. Eu estava cansada, ansiosa e temerosa, meus medos deles se estranharem ainda persistia. No e-mail que mandei para ela de manhã, enviei ainda fotos do Dick para ela ver o tamanho dele, tinha medo dela crescer muito, e expliquei que seria um cachorrinho para dentro de casa, e que ela provavemente dormiria na cama também, seriam dois. Na realidade quem cuida sou eu e provavelmente seriam dois na minha cama. Ela disse que queriam adotá-la, mas para deixar no quintal, então ela não quis, disse ainda que ela era muito meiga e doce, "de salão" pensei, tipo a Lindona. Olívia ligou para ela assim que chegou e começamos a aguardar a chegada da noiva com impaciência, enquanto uma noite fria e seca começou a cobrir a ensolarada tarde.




A noiva do Dick

domingo, 16 de dezembro de 2007

Capítulo 8



O Lord Inglês




Foi estabelecida uma rotina. Dick acorda às seis e trinta da manhã, brinca um pouco checando cada brinquedo, depois corre para a parte da casa do Haroldo, invadindo seu quarto e pulando em sua cama para beijá-lo e acordá-lo com suas lambidas, vai então ao banheiro, depois volta para o meu quarto me acordando agora (antes não me acordava) e vai tomar café da manhã com o Haroldo, dá uma batida no quintal e sobe lá para cima no terraço, voltando para o meu quarto onde brinca mais um pouco se recuperando do frio entrando debaixo da minha coberta. Eu levanto e ele vai para o seu posto de segurança na janela da sala do computador ver se o sol já chegou. Toma então seu banho de sol dando uma dormidinha. Ele brinca sozinho e vive atrás de mim como uma sombra.
Tem medo de gente e mais ainda de gente grande, se apavora, se esconde e late o tempo todo. Outro dia dei um almoço onde ele se escondeu o tempo todo, medroso passou o dia fugindo, indo para o outro lado da casa onde não tinha gente.
Apareceu em seu rostinho uma feridinha e não ficava boa, então chamamos o veterinário, que ele morreu de medo, claro, tremia de medo, abraçado ao Haroldo no sofá da sala. O veterinário olhava para ele de longe, e foi chegando aos poucos perto dele para conhecê-lo. "Deve ter sido a roseira que tem ainda um fungo, ou foi alguma picada de bicho no jardim", ele ficou impressionado de como ele é medroso, recebendo visitas. Passou uma pomadinha, crema 6A, para passar duas vezes por dia no local do machucado, na bochecha, local bom, afinal ele não alcançava ali e não lambia, mas o problema é que ele não para quieto e é tarefa impossível passar alguma coisa nele com ele acordado, resultado passei a colocar o creminho, no cochilo da manhã e no do final da tarde, ele, desconfiado cheirava a minha mão e passou a me vigiar sabendo que eu tinha passado alguma coisa nele, vigiou, vigiou, até que um dia, pegou a pomada que eu tinha colocado no baú ao lado da cama com caixa e tudo, e levou para o meu quarto destruindo primeiro a embalagem, a tampa e, quando ia chegar no creme, eu entrei e arranquei dele na hora exata ao ataque principal.
Por conta disso Haroldo mandou arrancar tudo do jardim, todas as roseiras e todo o resto, para fazer um gramado e depois plantarmos plantas selecionadas nas bordas. Eu queria plantar Hortências junto a cerquinha baixinha, mas descobri que é venenosa para gatos, se é para gatos, deve ser para cachorros, na dúvida foi vetada. Nada de Hortências, Haroldo resolveu plantar grama, até numa floreira da janela, já que rato de cidade, ficou louco quando viu o mato crescer rápido nos pedriscos e por toda a parte.
O jardineiro virou o ídolo do Dick, ele o chama de neném, como eu, e ele adora ficar na janela olhando ele trabalhar no jardim da frente da rua, local para onde ele adora escapar , e nós quase não deixamos ele entrar ali por causa das roseiras que haviam lá, é onde vai entrar o gramado para ele. Já está todo pelado o jardim, e deixei ele ir até lá, logo depois da limpeza, ele correu e fez um buracão na terra. Haroldo ficou furioso, acha que ele vai acabar com o gramado.
Na jardineira do quintal, ele agora sapateia por inteiro abrindo buracos com seu narigão, já que foi-se sua pimenteira e sua roseira. Achou um grilo e uma lagarta no dia da limpeza, latiu para eles, mas não os abocanhou, eu acho, porque ele latia afastado, até eu retirar os bichos do seu quintal. Deve ter aprendido depois do episódio onde uma formiga gigante que ele abocanhou ficou agarrada na sua língua sem que ele conseguisse arrancá-la, eu tendo que retirá-la de sua língua, enfiando a mão em sua boca e agarrando-a, pois ela estava com o ferrão fixado na língua dele. Isso aconteceu duas vezes e acho que ele aprendeu a não abocanhar tudo que é bicho que vê.
Está dengoso demais, quem te viu e quem te vê, nem parece o mesmo, tão arisco, está magrelão, comprido e dengoso, continua a chorar quando Haroldo sai e ele cisma de marcar hora para ele voltar começando a choradeira uma hora antes do real retorno.
Fui na rua Tereza , rua de malharias com Olívia outro dia e ele ficou com Haroldo. Começou a chorar, depois grudou no Haroldo, dormindo com a cabeça em seu colo, na sua cama, debaixo do cobertor. Quando fui ao Rio de novo, ele ficou mais calmo, já está sabendo que as pessoas saem e voltam e eu também, que quase não saio e ele é mais agarrado.
Quando Olívia chega ele fica doido, dá saltos altíssimos nos preocupando, pois ameaça saltar o portãozinho baixinho da varanda, impaciente. Quando Olívia conversou comigo pelo computador, msn, com vídeo e áudio, ele ficou procurando por ela na janela, corria para a porta de entrada esmurrando a porta e quando ela foi embora para o Rio, eu disse a ele que ela tinha ido para a casa dela, ele então pegou a coleira que usou somente uma vez quando veio do Rio e foi para o quarto da Olívia. Parecia saber quão distante é a casa dela e que para chegar lá , tem que usar coleira, viajar de carro, parecia relembrar sua vinda para cá.
Conheci o apartamentinho da Olívia nessa ida ao rio, "bunitinho", adorei a cozinha mínima toda moderna. Ela pintou de lilás os portais e portas, ficou uma graça. Está ainda montando, falta mesas e outras coisinhas. O local é ótimo, bem central e seus amigos não saem de lá, não vai sentir solidão, tem sempre gente passando por ali para uma visita. Ela está adorando, é a cara dela, foi muito bem escolhido. Muito claro com uma vista aberta. É pequenininho o apartamento, mas têm-se a sensação de algo amplo devido a vista aberta, batendo muito sol.
Sai para comprar roupas de frio na rua Tereza, porque por aqui o frio já chegou, baixa um ruço no fim da tarde ensolarada, cai uma chuvinha fina e o termômetro cai rapidamente, precisamos ser ágeis na troca de roupa para a de frio instantâneo; nesse dia que sai, encontrei aqueles cachorrinhos da matilha, correndo, subindo uma ladeira de acesso a rua Tereza, onde tem casas de uma comunidade carente, eles corriam felizes com uma criança daquela comunidade. Não são abandonados, pensei, são da comunidade carente e fiquei aliviada.
Estou preparando este texto como um blog, além de livro, queria fazer um site incluindo links de uns trinta lugares que fazem programas sociais para melhorar a situação dos animais de rua em todo o Brasil, com adoções de castração, coisa de pais de primeiro mundo, onde não recolhem e matam os animais de rua e sim usam essa política de trabalho árduo para esterilizar as fêmeas, e conseguir adoção. Mas o site não foi possível, então eu fiz sozinha o blog mesmo, quem quiser ajudar pode procurar na internet que é fácil de achar um lugar para ajudar de alguma maneira. Passei ainda para a Raquel o comunicado da comunidade do Orkut, da "sos vira-latas", que está renovando a diretoria e pode ser qualquer um que ame animais a fazer parte do grupo. Encaminhei o comunicado para a Raquel, que teve que recusar por conta da super carga horária, na faculdade de veterinária no Rio, com aulas até aos sábados. Ela adorou o trabalho do Gapa, que ela viu no site, e pensa em ter essa experiência de trabalhar com ong quando se formar em veterinária.
Eu queria poder ajudar, minha casa é no centro da cidade, e tem o espaço do terraço fechado com um quartinho lá em cima, e ainda, dois quartinhos em baixo com uma cozinha e o quintal com saída independente, tudo espaço ocioso, porque não comecei a dar aulas e não estou no momento, com vontade para isso. Queria ajudar esses grupos, mas, ao vivo e a cores, eu não tenho estrutura emocional para encarar a barra pesada dos voluntários, então fico só admirando pelos sites destas instituições, o belíssimo trabalho que elas fazem e, escrevo, é a minha forma de ajudar, colocando o diário no ar, para divulgar um pouco mais o trabalho deles, motivando as pessoas a adotarem com responsabilidade e não comprarem bichinhos de estimação. Escrevo e penso na minha segunda adoção, uma companheira para o Dick, antes que ele adquira ciúmes, por ser muito agarrado, filho único, com a rotina de um inglês, já estabelecida como um lord metódico, tendo vida de gente e não de cachorro, tenho que agir rápido senão ele pode acabar igual a Lindona, que não sabia que era cachorro. Talvez seja hora de entrar em nossas vidas a companheira de vida dele, para ele ser um cachorrinho com vida de cão plena.


Posto de segurança

Capítulo 7

Cidade Nova - Casa Nova


Escrevendo em uma página em branco




Demora três meses se apaixonar por um bichinho de estimação e, isso de má vontade, por conta da morte da Lindona. Dá para minutar quanto tempo o amor demora para acontecer. É infalível. Estou completamanete apegada a esse serzinho que ainda morde pra valer, mas tenta me mostrar que é só brincadeira, pegando minha mão de leve para arrastar para qualquer lugar, como as mães que transportam filhotes segurando com a boca pela nuca sem machucar.
Ele agora, também confia inteiramente em mim, dorme comigo aninhado nas minhas pernas,vigiando a porta, não me acorda, espera eu acordar fazendo sua bagunça costumeira com seus ossos e brinquedos no chão e na cama, para se lançar sobre a minha pessoa e me pegar pelas mãos debaixo de lambidas, e de beijos de bom dia, ele também está apaixonado. Estamos vivendo um idílio amoroso que tenho que tomar cuidado para não gerar medos.
Outro dia ele comeu uma planta tóxica e ficou por um tempo com problemas neurológicos, tremia e andava cambaleando fazendo xixi nele mesmo, vomitou um pouco e eu dei então uma clara de ovo para ele beber que é antídoto contra envenenamento e ele gostou muito, ao contrário da Lindona que cuspia na minha cara qualquer tipo de coisa que eu lhe dava com a seringa direto na boca, ele dormiu e acordou normal, mas foi um susto. Ele come o que pintar, minhocas que ele cava na jardineira, frutos de um cacto grande que estava na casa, galhos, plantas em geral e qualquer porcaria que encontre, é um perigo. Destruiu minha sandália e comeu os pedacinhos.
Dizem que cachorro escolhe que mato comer, sei não, esse come de tudo. Vou mandar limpar o jardim e selecionar plantas, Haroldo, exagerado, já queria arrancar tudo, as roseiras ele tem horror por causa dos espinhos, e dos coelhos loucos do Dick em sua base. Ele é um caçador, já mostrava isso se entocando atrás de sofás e debaixo de móveis baixíssimos, no apartamento da Lagoa no Rio. Ele caçou uma barata e levou para a minha cama igual a lagartixa e até minhocas, que ele desentoca na terra jogando a terra da jardineira no quintal, fazendo uma sujeira absurda e ficando todo sujo arrastando para a minha cama o que encontra pela frente. Ainda bem que só tem esses bichos pequenos na casa, a cama é minha e dele, por isso ele carrega tudo para lá. Acho que vou ter que arrumar uma cama para ele somente. Ele apareceu ainda com uma picada de bicho na bochecha, fiquei com medo de ser alguma cobra, mas deve ter sido algum espinho da roseira. Passei sabonete de enxofre no local.
Vou deixar só canteiros no contorno do jardim com plantas selecionadas que não façam mal, mas as roseiras dá pena, tem várias e são lindas. Fico cheia de medos nessa casa super segura, bem no centro histórico da cidade e para me retirar o medo e me sacudir, a realidade passa travestida de cães de rua, são muitos por aqui.
Outro dia uma matilha de cinco filhotes passou na minha calçada andando em fila um dando segurança para o outro, pequeninos, sabidos, já tinha visto eles passarem separados, agora voltavam juntos, me deu vontade de seguí-los para ver aonde iam, devem ficar em algum lugar, afinal existem, comem, dormem...mas achei loucura seguí-los e ainda, o príncipe não fica um minuto sozinho que faz um escândalo.
Fui ao Rio outro dia, fiquei uma hora e voltei, ele ficou chorando muito com a Olívia que estava aqui por sorte.
Haroldo sai quase todos os dias em busca de um bar na cidade carregando sua caneca e gelo, por que ele só toma cerveja com gelo, sai buscando um bar com gente como ele na cidade, coisa difícil, moramos no centro onde o pobre e o rico se misturam, o que diferencia a frequência dos lugares é o preço, na mesma rua um bar cobra a metade do preço do outro para selecionar a freguesia, ainda, o pobre, passa escutando música funk e o rico, música sertaneja. Mas Haroldo busca um lugar, fazedor de points como o Baixo Leblon, Baixo Gávea e o Baixo Jardim Botânico, não vai descansar até achar um lugar para bebericar e encontrar gente como ele para bater papo.
Ele costuma sair e voltar da sua busca sempre no mesmo horário, o Dick, que não é bobo, já se habituou a rotina dele, na hora aproximada dele chegar, ele começa uma choradeira na porta da varanda, como um despertador, faz gritaria na hora certa e ainda, fica arteiro; tenta se jogar pela janela, tenta me morder, fica vigiando da janela brigando com qualquer um que se sente na beira da cerquinha, quer todo mundo circulando, a casa está sob a guarda dele, e ele fica super ansioso. Quando Haroldo chega assuviando, ele finalmente se acalma, virando um santo, pega seu osso e deita na cama feliz, depois de muitos beijos. Faz o papel de guardião muito bem. Um pouco destrambelhado, mas é o jeito dele com seus cinco meses, ainda muito pequenininho mas já um vigia nato como demosntrou no abrigo sendo o único acordado. Falando em abrigo, Raquel comunicou que o pretinho fora adotado na mesma semana e outros novos lotam o lugar, é essa a triste realidade. Adotei um que já virou um rapaz de família, um barão, amado e bem tratado, ganhou da Olívia em sua última visita uma coleira azul igual a cor das janelas da casa, foi a única que deu, das três que ela trouxe, ele a usa com um pingente da veterinária, com nome e telefone para o caso de fuga, vive com ela, ficou muito bonito com a sua coleira, e está grande, forte, sagaz enquanto tantos outros Dicks, vira-latas comuns estão soltos nas ruas ou presos em abrigos, sem amor, com um destino terrível, logo esses seres, que nascem para nos ensinar a amar. É o mundo, mas podemos ajudar a melhorar.


Meu orelhão cresceu primeiro