terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Capítulo 9

A Noiva do Dick




Hora de arrumar uma noiva para o Dick, ele já está com seis meses, se demorar muito ele pode ter ciúmes. Raquel viu uns filhotinhos pequenininhos de vira-lata na faculdade dela, mas deixou pra lá, não sabia que eu já estava procurando à sério, comecei a pedir ao Haroldo para trazer para casa toda quinta feira o jornal Tribuna de Petrópolis, que tem nesse dia o cantinho de adoções, onde saem as fotos dos bichinhos disponiveis para adoção. Na internet procurava nas comunidades do orkut, que oferecem cães para adoção e ainda no site do gapaitaipava que foi onde me deparei, com uma cadelinha vestida para o frio Petropolitano, que foi encontrada junto com o irmão no terminal rodoviário, estava dentro de uma caixa de papelão. Já fora vacinada, vermifugada e esterilizada, apesar de ter apenas três meses de vida. Ela tem o focinho preto igual ao Dick. Me apaixonei e, nesse momento me veio os medos: será que ele, destrambelhado e arisco não vai morder e brigar? Já está com seis meses e não vê cachorro desde os dois meses de idade. Fiquei namorando a cachorrinha pela internet, mandei sua foto para várias pessoas como que fazendo uma enquete. A Kitty, é assim que ela se chama no seu nome provisório, pela internet, parecia muito pequenina, parecendo uma miniatura do Dick.
Haroldo com ciúmes do Dick que dorme comigo, disse que essa ia dormir com ele, mas ficou receoso com medo do Dick atacar, dele morder, ficou com muito medo de não dar certo, medos... medos... e medos! Cuidar de dois, não é fácil e começou a dar para trás. A Otília, minha empregada, disse que depois que a Samanta, sua cachorra foi esterilizada, não aceitou a companhia de mais nenhum cachorro, e ainda, que não pode nem passar perto de cachorro, quanto mais brincar e ter vida de cachorro.
O que eu procuro para o Dick é uma companheira para ele não se sentir solitário, não precisa cruzar, e ter onze filhotes eu ficando sem saber para quem dar. Raquel confirmava, é muito difícil dar filhotes, ela sendo esterilizada é melhor, e todos dizem que dois cachorros é bem melhor. Preparando para a chegada da noiva, resolvi mudar o banheiro do Dick, retirando-o do banheiro do meio para o meu banheiro que tem um espaço ideal. Nada de área externa, muito complicado para limpar e ainda ficando fechado à noite, com o frio que está apertado por aqui, ele sendo carioca e magrelão, é friorento, passeando rápido pela área externa , mas ficando mesmo por dentro da casa, no chão de madeira pinho de riga que com o sol fica quentinho, e ainda, é grande para ele a área interna, ele só sai para o quintal pela manhã para a sua batida matinal e vai para dentro pegar sol na varanda envidraçada onde bate sol o dia todo ao lado do computador, onde eu passo o dia. No quintal ele fica pouco, brincando sozinho a procura de bichos. Estou tentando ensiná-lo a mudar de baheiro, mas está sendo dificil, ele insiste em me mostrar que xixi bonito no meu banheiro é na privada, e não no jornal. Quem sabe com a noiva, os dois aprendem juntos o novo lugar, pensei otimista.
O gramadão já foi encomendado, e uma terrinha vai preparar o local vindo da casa do meu vizinho Eduardo, amigo do Haroldo desde criança, que tem um morro atrás da casa, eles se conhecem desde mil oitocentos e noventa e pouco, eu brinco, já que as famílias se conhecem desde então. O Dick e a noiva poderão correr no jardim e brincar pegando sol no gramadão do noivo, brinquei sonhando.
Está tudo sendo preparado para receber a companheira do Dick.
Raquel promete subir com Olívia no fim de semana do dia das mães. Vamos fazer uma comilança violenta, panquecada e rosbife, para as carnívoras, pois eu sou vegetariana e o Dick passa mal com as minhas sobras, ele vai adorar beliscar o rosbife das meninas.
Me encho de coragem aproveitando a oportunidade e, quando Olívia me pergunta o que eu quero de dia das mães, peço a Kitty de presente. Olívia então, fala com Haroldo que fica preocupado, "dois cachorros? E se nós morrermos?" ele já está com 62 anos, e eu com 48, nem penso nisso e corto esse medo. Olívia endossa, dizendo que assume os dois. Passado os medos, começa então a fazer planos para os dois, pensando em um novo nome, "que tal Bubu?" sugeriu Haroldo, não gostei, parece bumbum, e "Leia" sugeriu Olívia, também não gostei, sugeri só de boca, "Isa", já que a dona da casa que ela está abrigada, que salvou sua vida e cuida dela enquanto não consegue adoção, se chama Heloisa, e esse era também, o nome da mãe do Haroldo. Ainda sem nome, Olívia se comunica por e-mail com a Heloisa, do Gapa para sondar a adoção "ela está pronta, posso levar para vocês", nos comunica ela.
Coloco meus medos para ela, também por e-mail, ela me tranquiliza e promete "levo ela na sexta-feira do fim de semana do dia das mães" disse ela, achando bonito ser um presente do dia das mães. "Quem dera as mães terem essa idéia de pedir um bichinho de estimação adotado para eles terem um lar digno".
Raquel comunica que não vai poder subir à serra, sua mãe ia viajar, e não vai mais, ela então vai ter que almoçar com ela e ainda, está atolada com a faculdade, tendo aulas aos sábados.
As duas começaram esse negócio de adoções juntas, era uma pena, Olívia subiria sozinha para devorar a geladeira cheia, preparada para um fim de semana com várias pessoas além da Raquel e o namorado, Olívia tinha convidado também o Igor, outro amigo seu de infância para subir e dar palpites no jardim, poi ele entende disso. Todos furaram, ninguém pode vir nesse fim de semana e os bolinhos de chuva, bolo de fubá com côco, cuca de banana, pãezinhos de leite, geléia de maçã, patês, chocolate quente, limonada suiça, doce de leite da Raquel, canjica, arroz com creme de espinafre, panquecas de espinafre com queijo e de carne, bolinhos de espinafre, salada de batata e rosbife, toda essa comilança lotava a cozinha para felicidade do Dick que adorou o rosbife.
Olívia combinou de ligar para a Heloisa que traria a noiva do Dick para uma experiência assim que chegasse. Tudo combinado para o final da tarde. Eu estava cansada, ansiosa e temerosa, meus medos deles se estranharem ainda persistia. No e-mail que mandei para ela de manhã, enviei ainda fotos do Dick para ela ver o tamanho dele, tinha medo dela crescer muito, e expliquei que seria um cachorrinho para dentro de casa, e que ela provavemente dormiria na cama também, seriam dois. Na realidade quem cuida sou eu e provavelmente seriam dois na minha cama. Ela disse que queriam adotá-la, mas para deixar no quintal, então ela não quis, disse ainda que ela era muito meiga e doce, "de salão" pensei, tipo a Lindona. Olívia ligou para ela assim que chegou e começamos a aguardar a chegada da noiva com impaciência, enquanto uma noite fria e seca começou a cobrir a ensolarada tarde.




A noiva do Dick

2 comentários:

Unknown disse...

Meu Deus,nesses momentos;tenho realmente certeza,existe um Poder Criador!!!coisa mais linda!!!!Benza a deus!!

Anônimo disse...

Quero um bebe desses pra mim.